Qual a sua Esperança para 2021?

Por Ercole Martelli

Independente de quem você seja, quanto você ganha ou onde mora, proponho a você, amigo leitor, um pequeno exercício mental. Como você imaginava o futuro pelos anos de 2021 na sua infância? Essa é uma provocação que fazemos no sentido de tentar resgatar um sentimento comum meio esse cenário caótico que nos encontramos nas mais diferentes esferas temáticas. É o sentimento da Esperança.

Independente de sua classe social, religião, idade ou orientação política, a Esperança é o sentimento que faz com que nos reconheçamos humanos e que sejamos humanos. O ser humano, indivíduo histórico e social, existe, tal como é, pois desenvolveu uma tal capacidade de projetar, de traçar objetivos e construir sua vida baseada na convicção de que podemos, e devemos, viver numa constante busca por uma melhor qualidade de vida, seja essa convicção realizável ou não. A Esperança seria essa convicção, porém também dotada de intenção. Assim: é convicção quando você acredita que pode realizar conquistas. É intenção quando você trabalha para que essas conquistas sejam realizáveis.

Cada área do conhecimento apresentará uma leitura e uma proposta diferente para o tema. Na religião, mais especificamente no cristianismo, por exemplo, celebrou-se no mês de dezembro o Natal, o nascimento do menino Jesus. É uma data muito simbólica pois, mais do que a representação do aniversário de Jesus, é a representação do seu nascimento, símbolo de esperança e salvação para a humanidade. Nas ciências políticas podemos aproximar o tema da Esperança ao da utopia. Certa vez o escritor uruguaio, Eduardo Galeano, memorou um pensamento muito bonito de Fernando Birria, cineasta argentino, sobre a noção de utopia. Segundo ele “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”

Seja qual for a área de conhecimento, o tema será repleto de convicção e intenção.

Eu, Ercole Martelli, colaborador do portal Carta do Mar, propus à nossa equipe de colaboradores / escritores que participassem da construção desse texto apresentando, num parágrafo, sua percepção e seus votos de esperança para esse 2021, relacionando o tema à sua área de atuação. Foram grandiosas as reflexões.

DA JUSTIÇA

Por Danilo Fernando

Justiça em 2021, para que se recupere o direito de sonhar. As necessidades materiais são importantes, mas a utopia de pensar (mirar para além do que parece possível) um mr undo melhor, foi sendo perdida a cada dia, a cada não ação das instituições responsáveis por dizer o Direito, a cada retrocesso da Democracia, a cada distanciamento dos objetivos centrais de promover a dignidade humana estabelecidos na nossa Constituição. Tem sido revolucionário reafirmar o óbvio dos direitos humanos, sociais e políticos. Que nossa ação no presente possa, em 2021, lançar luzes a um futuro mais justo, solidário e digno a todos.

DA EDUCAÇÃO

Por Felipe Sandoval

2020 foi um ano difícil não somente para os profissionais da área da educação como também às famílias. Todos nós tivemos que nos adaptar à nova realidade de ensino remoto. O que seriam inicialmente apenas quinze dias transformaram-se em quase nove meses de uma rotina exaustiva de ensino à distância. Nos últimos meses, o brilho no olhar dos jovens alunos foi se ofuscando e a comunicação professor-aluno cada vez mais escassa. Visto que provavelmente o ensino no início de 2021 será híbrido, os educadores terão dois principais desafios a serem cumpridos: realizar reforços relacionados aos conteúdos do ano passado e, acima de tudo, alimentar a esperança e o sonho nos jovens educandos. Diante da tragecidade da pandemia, a esperança e a idealização são ingredientes fundamentais para uma vida saudável nos campos mentais e emocionais.

DA INTROSPECÇÃO

Por Anderson Rodrigues

2020, ano que vi desesperança, vi sofrimento, testemunhei a solidão e o isolamento. Percebi que o bom Deus realmente tem um plano para cada um dos seus filhos. Não entendemos exatamente o que ou como está acontecendo, mas, em geral, temos a certeza que tais desafios são necessários para olharmos para trás e melhorarmos como indivíduos e nos trazer esperanças para o futuro. 2021, que eu possa sentir, amar e sonhar!

DO COMPORTAMENTO HUMANO

Por Simoni Rodrigues

É tempo de esperança. E de imunização. E em tempos como este a esperança, infelizmente, não tem sido a última a morrer. É difícil mantê-la sobrevivente diante de tantos acontecimentos que nos engasgam , cerram os dentes e marejam os olhos. Em tempos em que a empatia ficou penúltima da fila, só antes da esperança. É tempo de respirar. De imunizar. De esperançar-se. Antes que seja tarde. Mas, para que evitar que desapareça, sugiro que a empatia dê as mãos à esperança e – assim – uma olhando para a outra possamos, novamente, lembrar quem somos, e mais do que imunizarmos, humanizemo-nos novamente”!…