Artigo & OpiniãoPolíticaReflexão

A camisa vermelha e a politização da seleção brasileira

Por GAZETA 369*

A recente apresentação da camisa vermelha como uniforme alternativo da seleção brasileira de futebol provocou reações intensas. O anúncio, feito com pompa e marketing, veio carregado de simbolismo histórico: a lembrança de um jogo isolado na Copa de 1930, em que, por questões logísticas, o Brasil vestiu vermelho. No entanto, esse argumento soa forçado diante do contexto atual e da carga política que acompanha a escolha da cor.

Para muitos, inclusive o professor de Educação Física Daniel Siman, essa decisão está longe de ser apenas estética ou histórica. Em sua análise, ele observa como a CBF, em parceria com a fornecedora Nike, parece se curvar a interesses que ultrapassam o esporte. O futebol brasileiro, historicamente uma das maiores expressões culturais do país, caminha a passos largos para se tornar mais um palco da polarização política.

A camisa amarela, outrora símbolo de união e orgulho nacional, passou nos últimos anos a ser associada a uma determinada corrente política. Agora, a introdução do vermelho como uniforme alternativo acena diretamente ao outro lado do espectro. Em ano de Copa do Mundo e, coincidentemente, também de eleição presidencial, o gesto soa menos como inovação e mais como provocação.

Siman aponta ainda para o uso da cor como estratégia de mercado, possivelmente voltada a torcedores do Flamengo, time de massa que utiliza justamente as cores vermelho e preto. Mas a preocupação maior vai além do marketing: trata-se da apropriação simbólica de elementos nacionais por interesses político-partidários, num cenário em que o futebol já se encontra desgastado por escândalos, má gestão e perda de prestígio junto ao público.

A politização do futebol brasileiro não é novidade, mas sua intensificação por meio da camisa da seleção agrava a crise de identidade da equipe nacional. De símbolo de todos os brasileiros, ela corre o risco de se tornar bandeira de alguns. E, como bem conclui Siman, “nossa bandeira jamais será vermelha” — não como slogan político, mas como apelo à preservação da neutralidade de nossos maiores símbolos culturais.

O Brasil merece uma seleção que una, não que divida. Que emocione pelo talento em campo, não pelas controvérsias fora dele. Que vista as cores da sua história, e não as cores de uma disputa. O futebol é do povo, e a camisa da seleção, com toda sua história, também deve ser.

*Fonte: Prof. Daniel Siman

 

 

 

Gazeta 369

Jornal GAZETA 369 - Notícias do Norte Pioneiro do Paraná, nas cidades que compõem o eixo da BR-369: Andirá, Cambará, Bandeirantes, Santa Mariana, Cornélio Procópio, Barra do Jacaré, Itambaracá, Jacarezinho, Londrina e demais municípios.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *