Artigo & OpiniãoPolítica

A juventude tem que estar na política

As chamas mais ardentes do inferno estão destinadas aqueles que se mantiveram neutras em tempos de crise moral.

A Bíblia não se refere explícita ou implicitamente a essa questão. No entanto, o conceito de punição para aqueles que não tomam partido em questões morais é encontrado em muitas outras fontes diferentes. Por exemplo, o escritor judeu medieval Rabbi Judah ben Samuel escreveu: “Quem se mantém neutro quando a justiça está em jogo será condenado ao inferno”. O filósofo alemão Immanuel Kant também escreveu: “Aquilo que é neutro em relação à moralidade é repugnante à moralidade”. Assim, mesmo que a Bíblia não faça referência a essa questão, a ideia de que existe uma punição para aqueles que se mantêm neutros em tempos de crise moral é encontrada em outras fontes. Mas essa frase escrita no começo do texto não está em nenhum escrito religioso, ela é creditada ao filosofo Edmund Burke.

Edmund Burke foi um filósofo, político e escritor irlandês do século XVIII. Ele foi um dos principais defensores do conservadorismo político e da filosofia da tradição. Ele é considerado um dos fundadores do liberalismo moderno e um dos mais influentes intelectuais conservadores da história. Burke foi um crítico importante da Revolução Francesa e escreveu extensivamente sobre assuntos políticos, filosóficos, históricos e literários. Foi o autor de obras importantes como Reflections on the Revolution in France (1790) e A Vindication of Natural Society (1756).

Mas a crise moral na política é uma preocupação cada vez mais presente na sociedade. Refere-se à deterioração dos valores éticos e morais nos ambientes políticos. A corrupção, a desonestidade, a manipulação e a exploração são alguns dos principais problemas associados à crise moral na política. Essa crise na política afeta negativamente a vida de todos os cidadãos, pois reduz o nível de confiança nas instituições políticas. A falta de ética e integridade na política tem um impacto direto nas decisões políticas, pois os políticos corruptos podem se aproveitar da sua posição para obter vantagens. Além disso, a crise moral na política leva à erosão da democracia, pois as pessoas perdem a fé nos políticos e na democracia como um todo.

Para combater a crise moral na política é importante fortalecer a transparência e a responsabilização. Os cidadãos devem exigir que os políticos sejam transparentes e responsáveis ​​por suas ações. Além disso, os governos devem implementar leis mais rígidas contra a corrupção para garantir que os políticos sejam responsabilizados por seus atos. Alguns podem classificar a crise moral que temos na política hoje como um fenômeno chamado de antipolítica.

Para eles antipolítica tem se tornado cada vez mais presente no Brasil, em decorrência da crise política, econômica e social que o país enfrenta. O descontentamento com os políticos e as instituições políticas tem levado muitos brasileiros a abandonar os partidos políticos, a desconfiar dos sistemas eleitorais e a recusar a participar de atividades políticas. O descrédito na política tem se manifestado de diversas formas, como nas manifestações de rua de 2013, nas eleições de 2014, na greve geral de 2017 e nas eleições presidenciais de 2018.

Esta antipolítica também tem raízes profundas na cultura política brasileira, que é marcada por uma longa história de autoritarismo, corrupção e impunidade. Além disso, o processo de desigualdade social e de exclusão de grupos sociais também contribui para o aumento da antipolítica.

Diante deste cenário, algumas ações têm sido tomadas para combater o sentimento de antipolítica, como o fortalecimento da transparência e a luta contra a corrupção, a participação cidadã nas políticas públicas, a educação política e a promoção da igualdade social. Embora ainda existam desafios a serem enfrentados, é importante lembrar que a participação política é fundamental para o desenvolvimento democrático do Brasil e que é preciso lutar para conquistar um sistema político mais justo e igualitário.

Em um texto meu publicado em outro site eu discorri um pouco mais sobre esse assunto, e um trecho que considero muito importante destacar é a frase do marxista Bertold Brecht que diz o seguinte:

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

A consciência política consiste praticamente na participação política, em outros termos, fazer com que o povo decida por meios políticos todos os aspectos da vida em sociedade, por meios de leis, plebiscitos ou referendos. É assim que Brecht aparenta entender que haverá comida na mesa, que a menina possa furtar sê-a o seu destino da prostituição e que o político, pior de todos os bandidos, irá se regenerar e deixar de ser um vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos empresários e dos seus apoiadores. A consciência política é o ato de se envolver e ter o conhecimento dos principais fatos da política, assim como na ação de buscar justiça e melhoria nas condições de vida de todos.

Ela se manifesta por meio de atitudes e procura influenciar na tomada de decisão política, tornando-se ativa para dizer o que quer e lutar por aquilo que deseja. Esta consciência política é algo que deve ser cultivado, pois é com ela que se pode melhorar a vida das pessoas e realizar um governo que respeite os direitos humanos e a igualdade entre os cidadãos.

O Brasil tem uma geração inteira que está se isentando da política por conta da crise moral que se instaurou desde o início dos anos 2000, mas se os jovens são o futuro da nação se isentarem da política sempre as mesmas pessoas ou clãs continuaram no poder. Para reverter essa realidade, é necessário que os jovens se interessem e compreendam a importância da participação ativa na vida política. É importante que os jovens tenham acesso a informações sobre a conjuntura política, para que possam ter uma compreensão mais ampla e crítica dos acontecimentos. Além disso, é necessário que haja uma maior conscientização das consequências que as decisões políticas têm na vida das pessoas e nas suas comunidades.

Outra forma de incentivar a participação dos jovens na vida política é por meio de iniciativas que os engajem em atividades como campanhas de conscientização, organização de debates e atividades de mobilização. Além disso, é importante que haja uma maior diversidade e representatividade juvenil nos órgãos de poder, para que os interesses e necessidades da juventude sejam realmente considerados.

Finalmente, é preciso que haja uma maior transparência e responsabilização dos agentes políticos, para que os jovens tenham confiança e se sintam motivados a se envolver na política. Dessa forma, é possível que os jovens se tornem atores transformadores, capazes de contribuir para a construção de um país melhor.

Lucas Barboza

Formado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Norte do Paraná, em Logística e História pela Universidade do Norte do Paraná, Especialista em Gestão de Projetos, Consultoria Empresarial e Ensino de Matemática. Professor da rede Pública de Educação do Paraná, apaixonado por escrita, politica, história e economia, empreendedor e cristão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *