Artigo & Opinião

Em defesa do livre mercado

Esta mais claro do que nunca que hoje os jovens estão mostrando mais afeição às ideias socialistas, mesmo vivendo em seus apartamentos na zona sul e tomando coquetéis chiques. Sim, ainda esta na moda defender essas ideias, e ainda dentro de alguns grupos como o das artes e o acadêmico isso se torna um requisito social. Alguém irá parabenizá-lo abertamente por seu idealismo e você sempre ira arrancar apoio quando falar das “maldades” do capitalismo.

Isso é de certa forma notável, não é? O Socialismo teve sua derrocada quando a União Soviética se extinguiu em 1991, após esse evento muitas das sociedades que viviam sob o regime ressurgiram e se tornaram grande exemplo para a prosperidade mundial, vide a Polônia. O comercio se expandiu e os milagres operados pela revolução tecnológica estão bem em baixo de nossos narizes.

Não só na Polônia, mas em outros países como Ucrânia, Letônia, Bielorrússia, Geórgia e Azerbaijão a população melhorou suas vidas ao fim do regime, todo credito deve ser dado ao livre mercado, sendo subestimado seu poder criativo até pelos seus defensores mais ferrenhos.

Ainda sim, hoje, mesmo depois de todos os fracassos dessas ideias, ainda temos pessoas, principalmente os jovens, declamando as maldades do capitalismo e as “beneficies” do socialismo. Os políticos fazem comícios e discursam dizendo todas as coisas “gloriosas” que o governo fará quando eles estiverem no poder e todos os infortúnios causados diretamente pelo governo se tornam culpa do livre mercado.

Como fazer para entender quem defende essas ideias? Existem dois fatores principais. O primeiro é a falta de conhecimento básico que as pessoas possuem sobre o funcionamento da economia e como isso ajuda a entender as causas e efeitos na sociedade. O segundo é a ausência de uma imaginação.

Se a pessoa não sabe qual as consequências de um ato na sociedade, torna-se impossível entender intelectualmente as soluções mais adequadas ou então imaginar como seria um mundo sem o estado. Lew Rockell nos diz:

Pensar em termos econômicos é constatar que a riqueza não é algo dado ou um acidente da história. Ela não é concedida a nós como a chuva que cai lá de cima. Ela é o produto da criatividade humana em um ambiente de liberdade. A liberdade de possuir, fazer contratos, poupar, investir, associar e comercializar: tudo isso é a chave da prosperidade.

Onde estaríamos sem essas liberdades? Com certeza em um estado natural, mas o que significa isso? Estaríamos com uma população reduzida, obrigada a viver escondida nas cavernas e vivendo de caça e o que conseguíssemos juntar. Esse é o mundo em que os seres humanos viviam até começarmos a evoluir e muito provável esse é um mundo que voltaríamos caso nossas liberdades e diretos de propriedade fossem tirados, claro que guardada as devidas proporções.

Parece simples esse ponto, mas escapa até mesmo da maioria do publico, ate de alguns dos mais educados. Todo problema se resume que a escassez é uma das características de bens em todo mundo e que necessitam de uma alocação racional dos recursos, e é ai que entra a ciência econômica. É conhecido até hoje apenas um sistema que atinja essa meta, e ele fica longe de um planejamento central e estatal: é o livre mercado.

Quanto maior a maquina publica, menor é nosso padrão de vida. Temos sorte de que o setor privado e a livre iniciativa são mais rápidos e eficientes que o estado, pois, se não fosse assim, estaríamos mais pobre a cada ano. O mercado é esperto e o governo é burro. Devido a esses atributos devemos todo nosso bem-estar socioeconômico.

Imaginar um mundo governado pelo mercado é mais difícil, porem Murray Rothbard certa vez comentou que:

Se o governo fosse o único fabricante de sapatos, a maioria das pessoas seria incapaz de imaginar como o mercado poderia ser capaz de produzi-los. Como o mercado poderia acomodar todos os tamanhos? Não seria um desperdício produzir estilos para todos os gostos? E quanto aos sapatos fraudulentos e produtores de má qualidade? E os sapatos são, indiscutivelmente, bens muito importantes para ser entregues às vicissitudes da anarquia do mercado.

Esse mesmo raciocínio se aplica a toda economia praticamente. As principais objeções a uma sociedade de mercado esta de que os pobres sofrerão mais e não terá ninguém para cuidar deles. A solução é simples, a caridade privada, durante a pandemia da Covid19 vimos muito isso, pessoas ajudando uma as outras, sem qualquer ajuda do estado.

Aqui requer mais imaginação. As atividades de um governo expulsam as atividades privadas, reduzindo a oferta de serviços privados a níveis menores que no livre mercado. Muitos antes da era do welfare stateas instituições de caridade formavam um grande grupo, comparado até as maiores indústrias, se expandido de acordo com a necessidade. Quase que de forma unânime, eram supridos pelas igrejas através das doações, todos os devotos davam uma parcela do orçamento familiar para o setor caritativo, a Madre Cabrini chegou a cuidar de um  império beneficente.

Então as ideologias mudaram e veio à era progressista. A caridade se tornou algo a ser profissionalizado e considerado um bem publico, à medida que políticas assistencialistas cresceram o tamanho no setor privado diminuiu. Por pior que estejam as coisas nos Estados Unidos, nada se compara a Europa, que deu os primeiros passos rumo aos serviços de caridade. Poucos tiram de seus orçamentos familiares para dar a caridade, tendo que pagar impostos e preços altos acaba não sobrando muito para doações.

Antes de empresas como FedEx e UPS serem criadas, as pessoas não entendiam e não conseguiam imaginar como o setor privado poderia torna o serviço de entrega de cartas eficiente. Em todas as áreas como educação, segurança, saúde, política, monetária, entre outras, existem os pontos cegos. Parece que quando as pessoas ouvem a sugestão de livre mercado o espanto vem à tona, mas isso só ocorre porque é necessário fazer abstrações e ter um pouco de imaginação para perceber como isso é possível.

Uma vez que você entende o básico de como a economia funciona, a realidade adquire uma nova forma e importância. Grandes corporações não são uma pária, mas uma das muitas realizações gloriosa da civilização, onde pôs um fim ao medo que assolou a maior parte da historia humana: o temor pela falta de alimentos.

De fato, até os menores produtos encantam quando você entende toda a complexidade do processo de produção e como o mercado é capaz de coordena-lo até o seu consumidor alvo. As façanhas do mercado aparecem profundamente realçadas em qualquer lugar que você procure.

Então você começa a reparar em algumas coisas, que possivelmente antes não reparava com base no livre mercado: seriamos mais seguros com a segurança privada, a sociedade seria mais justa se a justiça fosse privada e possivelmente seriamos mais compassivos se o coração humano fosse educado por experiências particulares ao invés de por burocracias governamentais.

Os defensores do socialismo e do livre mercado observam os mesmos fatos, mas somente quem entende como funciona a economia, mesmo que de forma básica, consegue entender a importância e consequência desses fatos. E essa educação faz muito a diferença. Jamais devemos subestimar o ensino da ciência econômica para nossas crianças.

Os fatos estarão sempre conosco, a sabedoria, no entanto, deve ser ensinada. Alcançar uma compreensão em termos culturais sobre o que é a liberdade e todas as suas implicações nunca foi tão importante.

Lucas Barboza

Formado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Norte do Paraná, em Logística e História pela Universidade do Norte do Paraná, Especialista em Gestão de Projetos, Consultoria Empresarial e Ensino de Matemática. Professor da rede Pública de Educação do Paraná, apaixonado por escrita, politica, história e economia, empreendedor e cristão.

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