Na Política de Inclusão, Alguns Sempre São Excluídos
A inclusão social é um dos pilares de uma sociedade mais justa e equitativa. Políticas públicas são constantemente desenvolvidas para garantir que grupos historicamente marginalizados tenham acesso a direitos, oportunidades e representatividade. No entanto, um paradoxo persiste: na tentativa de incluir, muitas vezes, alguns são deixados de fora.
Esse dilema se intensifica quando analisamos a hipocrisia da esquerda, que se coloca como a grande defensora da inclusão, mas frequentemente aplica seus princípios de forma seletiva. Os discursos progressistas enfatizam a necessidade de abrir espaço para minorias raciais, de gênero e sociais, mas ignoram ou desqualificam aqueles que não compartilham sua visão de mundo. Em muitos casos, a esquerda não busca uma inclusão genuína, mas sim uma reconfiguração dos grupos dominantes, onde a exclusão passa a atingir aqueles que discordam de sua narrativa.
O pensador Friedrich Nietzsche afirmava que “quem luta com monstros deve tomar cuidado para não se tornar um deles”. Essa reflexão é pertinente ao observarmos a atual conjuntura das políticas de inclusão. Grupos que antes clamavam por espaço e igualdade agora impõem dogmas tão severos quanto aqueles que combatiam, tornando-se novos opressores dentro do discurso progressista. A inclusão, quando guiada pelo ressentimento e pela necessidade de reequilibrar as forças sociais a qualquer custo, pode se transformar em uma forma velada de exclusão.
Cotas raciais e sociais garantem acesso a determinados grupos, mas também geram ressentimento e marginalizam indivíduos que, apesar de não se encaixarem nos critérios dessas políticas, também enfrentam dificuldades econômicas e sociais. Pequenos comerciantes, moradores de regiões periféricas e outros grupos que não estão contemplados pelos programas inclusivos podem se ver alijados das oportunidades que deveriam ser para todos.
Outro exemplo da exclusão promovida sob a bandeira da inclusão ocorre na esfera acadêmica e midiática. Qualquer voz dissonante das cartilhas progressistas é rapidamente tachada de intolerante, preconceituosa ou reacionária. Pessoas que questionam certas premissas da ideologia de gênero ou das políticas identitárias são silenciadas, ridicularizadas e, muitas vezes, impedidas de participar do debate público. A esquerda, que tanto prega a pluralidade, não tolera ideias divergentes e promove uma cultura do cancelamento que contradiz seu próprio discurso inclusivo.
A filosofia também nos ensina que a busca pela justiça deve ser guiada por princípios universais e não por interesses de grupos específicos. Aristóteles, ao definir a justiça como “dar a cada um o que lhe é devido”, nos alerta para o perigo das medidas que beneficiam uns às custas de outros. Uma sociedade verdadeiramente justa deve evitar tanto a opressão do passado quanto a criação de novas formas de exclusão.
O debate sobre inclusão deve ser mais honesto e abrangente, buscando soluções que realmente beneficiem toda a sociedade, e não apenas determinados grupos que se encaixam em agendas políticas específicas. A verdadeira inclusão só será alcançada quando ninguém mais for excluído por não aderir a uma visão ideológica particular. É necessário questionar a hipocrisia de quem se diz defensor da diversidade, mas se recusa a aceitar a diversidade de pensamento.