Paraná deve produzir 25,5 milhões de toneladas de grãos na safra de verão
Por AEN – PR
Com as chuvas registradas em alguns pontos do Estado, foi possível semear feijão, milho e soja num ritmo maior do que no ano passado, quando as condições eram ainda mais adversas. Por outro lado, os trabalhos estão abaixo da média histórica. “Podemos ter uma safra maior do que em 2020, mas as condições desfavoráveis em parte do Estado podem comprometer o potencial de algumas culturas”, explica o chefe do Deral, Salatiel Turra.
O relatório confirma a estimativa de área recorde para a cultura da soja, de aproximadamente 5,62 milhões de hectares, 1% a mais do que na safra passada. “Se o clima colaborar, a produção pode chegar a 21 milhões de toneladas”, diz o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
Além disso, ele destaca que, depois de mais de 40 anos, prevê-se aumento de semeadura de milho na primavera, com uma área estimada em 420 mil hectares.
Quanto à safra 20/21, a avaliação do mês mostra perda de potencial em relação à estimativa inicial de trigo. Esperava-se que o Paraná colhesse 3,9 milhões de toneladas, e agora a previsão é de 3,53 milhões. Também há reajuste na produção de milho safrinha devido à seca e às geadas, mostrando que o Paraná colherá pouco mais de 5,52 milhões de toneladas, redução de 62,4% em relação à estimativa inicial.
SOJA – Até o momento, 3% da área estimada em 5,6 milhões de hectares foi plantada, o equivalente a cerca de 186 mil hectares, concentrados nas regiões Oeste e Sudoeste do Estado. O plantio está adiantado na comparação com a safra passada, mas abaixo da média histórica, devido aos fatores climáticos.
Mesmo assim, o Paraná tem perspectiva de uma boa produção e os produtores estão otimistas, principalmente nas regiões que registraram chuvas nas últimas semanas. Já em regiões como Toledo e Cascavel, sem chuvas significativas, a preocupação é maior quanto ao desenvolvimento do ciclo.
Estima-se que sejam produzidas 20,96 milhões de toneladas do grão no Paraná na safra 2021/22, volume 6% superior ao ciclo passado, enquanto a área tem perspectiva de aumento de 1% e pode atingir 5,62 milhões de hectares.
Em setembro do ano passado, os produtores de soja receberam, em média, R$ 122,00 pela saca de 60 kg, enquanto que, na última semana, o valor ficou próximo de R$ 157,00, um aumento de 29%. “Neste ano, o produtor está com um comportamento mais conservador com relação à venda. No mesmo período do ano passado, mais de um terço da safra já havia sido comercializada”, explica o economista do Deral Marcelo Garrido.
MILHO SEGUNDA SAFRA – A colheita de milho avançou e atingiu 98% da área estimada em 2,5 milhões de hectares. A expectativa inicial de produção era de 14,6 milhões de toneladas, e neste momento estima-se uma perda de 9,1 milhões de toneladas (-62,4%), totalizando um volume de 5,5 milhões de toneladas produzidas na segunda safra.
Segundo Garrido, entre as razões para essa quebra estão a estiagem, a consequente ocorrência de pragas, e as geadas que atingiram as lavouras no final de junho e começo de julho.
MILHO PRIMEIRA SAFRA – De acordo com o Deral, já foram semeados aproximadamente 187 mil hectares na primeira safra de milho 2021/22, 45% da área total prevista, de 420,1 milhões de hectares. No mesmo período do ano passado, o plantio já havia ocorrido em 121 mil hectares (34% da área).
Cerca de 2% das lavouras a campo estão em condições médias e 98% em boas condições. Apesar da ocorrência de chuvas em algumas regiões produtoras, como o Sudoeste, em outras a crise hídrica ainda preocupa. A produção está estimada em 4,11 milhões de toneladas, 32% superior ao volume da safra passada.
Com relação aos preços, em setembro do ano passado os produtores receberam cerca de R$ 50,00 pela saca de 60 kg. Na semana passada, o valor recebido foi de, em média, R$ 84,00 – aumento de 68%.
TRIGO – Neste momento, 11% da área de trigo está colhida, e 58% das lavouras estão em boas condições. Os trabalhos mais intensos foram na região Norte-Central. “Essas primeiras colheitas têm produtividade abaixo da expectativa inicial, o que já era esperado, devido às geadas e principalmente à seca”, diz o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho. Segundo ele, essas áreas mais prejudicadas têm apresentado produtividade em torno de 2.300 kg por hectare. A partir de agora, há expectativa de aumento do rendimento das lavouras em função das chuvas ocorridas no final de agosto e meados de setembro. “As produtividades devem voltar a superar três toneladas por hectare mais frequentemente, trazendo a média mais próxima a este patamar”, diz. Caso a melhora se confirme, a produção pode chegar a 3,5 milhões de toneladas no Estado.
A comercialização atingiu o patamar de 11%, índice considerado atrasado com relação ao ano passado, o que sinaliza que os produtores aguardam melhora nos preços para intensificar as vendas. Na última semana, a saca de 60 kg de trigo foi comercializada por R$ 87,00, valor 40% superior ao de setembro de 2020.
“As cotações de 2020 também estavam incrementadas devido ao impacto do dólar valorizado na paridade de importação, o que traz uma sequência de dois anos rentáveis para o produtor de trigo, algo pouco comum para esta cultura”, acrescenta o técnico do Deral.
CEVADA – A cevada tem 100% da área plantada no Paraná e a colheita aos poucos se inicia nas principais regiões produtoras. Em Guarapuava, 50% da safra está comercializada e a expectativa é que a produtividade na região seja de aproximadamente 5.500 kg/hectare. Na região de Ponta Grossa, onde a semeadura acontece um pouco mais cedo, a colheita deve iniciar em outubro. Os produtores estão recebendo, em média, R$ 84,30 pela saca de 60 kg.
“Se tudo correr bem e não tivermos chuva durante a colheita, o que afeta a qualidade do grão, espera-se produção 30% superior a 2020”, afirma o engenheiro agrônomo Rogério Nogueira. O volume de produção deve chegar a 354,4 mil toneladas no Paraná, em uma área de 77,1 mil hectares, 20% superior à do ciclo anterior.
FEIJÃO PRIMEIRA SAFRA – O relatório do Deral indica uma produção de 277 mil toneladas de feijão na primeira safra, volume 8% superior ao colhido no ciclo passado. No entanto, a área estimada para esta safra é 8% menor, totalizando 140,5 mil hectares. O plantio atingiu 22% da área nesta semana, o que corresponde a 31,2 mil hectares. No ano passado, esse índice era de 31%. A queda dessa velocidade se explica pela redução das chuvas no período.
Ao contrário da situação de safras passadas, neste ciclo aproximadamente 97% das lavouras estão em boas condições, o que sinaliza um bom andamento para a cultura, principalmente se mais chuvas chegarem ao Paraná, segundo o engenheiro agrônomo do Deral Carlos Alberto Salvador.
Na última semana o preço médio recebido pelos agricultores pela saca de 60 kg foi R$ 273,63 para o feijão tipo cores e R$ 240,67 para o preto. Em ambos os casos, a queda é de aproximadamente 1% em relação à semana anterior.
MANDIOCA – A estiagem que se prolonga há cerca de um mês na região Noroeste, onde se concentra o plantio da mandioca, e a ação das formigas-cortadeiras, ocasionaram aumento dos custos de produção para a cultura. Com a baixa umidade do solo e as altas temperaturas, aumentam as perdas de raízes e as lavouras recém-implantadas também são afetadas.
Na última semana, a tonelada da mandioca foi comercializada por R$ 515,00, um aumento de 38% comparativamente a setembro do ano passado, quando o valor médio foi de R$ 374,00.
A produção esperada para esta safra é de 3,32 milhões de toneladas em uma área de 125,7 mil hectares, 10% menor comparativamente ao ciclo anterior. Segundo o economista do Deral, Methodio Groxko, a redução se deve à escolha que parte dos produtores fizeram pelo cultivo da soja e do milho.
CAFÉ – Cerca de 98% da área de café no Paraná está colhida, e a produção na safra 2020/21 soma 53,1 mil toneladas. O volume representa uma redução de 9% comparativamente à safra anterior. Já a área, de 33,3 mil hectares, é 3% menor.
A comercialização atingiu o menor percentual de venda dos últimos anos, de acordo com o economista Paulo Franzini. Até o momento, 32% da safra está vendida, índice incomum para o período, que mantinha-se, em média, acima de 40%. “Isso se explica por conta dos preços em alta. Os produtores estão tentando vender um pouco melhor, por conta dos problemas previstos para a próxima safra com a seca e as geadas”, diz.
No mês passado, a saca de 60 kg foi comercializada por R$ 924,00 e, na última semana, o valor ficou próximo de R$ 1 mil. Em setembro de 2020, a média era de R$ 481,00.
Franzini destaca que a Seab e a Câmara Setorial do Café trabalham em propostas de políticas públicas para dar suporte emergencial aos produtores. “É uma cultura importante para mais de 100 municípios do Estado”, afirma.
BOLETIM SEMANAL – O Boletim de Conjuntura de Agropecuária referente à semana de 17 a 23 de setembro, também divulgado nesta quinta-feira (23), traz mais detalhes sobre a evolução das principais culturas agrícolas paranaenses. Além disso, aborda a produção de cebola, cuja colheita está prevista para iniciar em outubro, fala dos números mundiais de frutas frescas, retrata as ocorrências do mal da “vaca louca” no Reino Unido e no Brasil e analisa a exportação de carne de frango nos oito primeiros meses do ano.