Artigo & Opinião

Um Retrocesso para o Brasil

Em um país que já contou com a liderança visionária de Dom Pedro II, um imperador que defendia a liberdade de imprensa com admirável firmeza, o espectro da censura reaparece como uma ameaça latente à nossa jovem democracia. O Brasil, que outrora se orgulhava de um monarca que permitia críticas abertas e contundentes dos jornais, encontra-se hoje cercado por práticas que silenciam vozes, sufocam o debate público e obscurecem a verdade. A sombra do autoritarismo, em suas mais variadas formas, paira sobre nós.

Dom Pedro II compreendia que uma imprensa livre era não apenas desejável, mas essencial para a saúde de uma sociedade plural e para o desenvolvimento de um Estado democrático. Ele sabia que, por mais incômodas que pudessem ser as críticas à sua gestão, elas serviam como um antídoto poderoso contra o autoritarismo e como um estímulo contínuo para a melhoria das políticas públicas. Ao invés de recorrer à repressão, o imperador enfrentava as críticas com argumentos, utilizando a verdade e o debate aberto como as principais armas para combater as “fake news” de sua época. Para ele, o confronto de ideias era o motor do progresso.

Hoje, porém, vivemos um cenário bastante distinto e preocupante. A censura, camuflada sob diferentes roupagens, infiltra-se de maneira sutil e insidiosa nos espaços públicos e privados. Jornais são intimidados, jornalistas são perseguidos, e a liberdade de expressão é, de várias maneiras, cerceada. Mais do que nunca, vemos o poder das notícias falsas se alastrar pelas redes sociais, manipulando a opinião pública e distorcendo os fatos. A intimidação de críticos se tornou uma tática recorrente, e a autocensura surge como uma resposta inevitável ao medo de represálias.

Esse cenário de retrocesso alarmante evoca as lições da história, que nos mostra repetidamente que a censura nunca é uma solução duradoura. Pelo contrário, ao invés de fortalecer as instituições e a sociedade, ela as fragiliza. Ao impedir o fluxo livre de informações e a contestação saudável de ideias, a censura corrói a confiança do povo nas suas lideranças e alimenta o descontentamento generalizado. O silêncio imposto pela censura não gera estabilidade; gera incerteza, desconfiança e revolta. Assim, o caminho da censura é, em última instância, um caminho de autossabotagem.

Além disso, a censura atua como um veneno que intoxica os alicerces de uma democracia, minando sua capacidade de se renovar e evoluir. Uma sociedade onde a liberdade de expressão é comprometida é uma sociedade condenada à estagnação. A pluralidade de vozes, a divergência de opiniões e o livre trânsito de ideias são o que permitem a inovação, o progresso social e o desenvolvimento de soluções reais para os desafios que enfrentamos. Sem essa dinâmica, o espaço para o debate democrático encolhe, e a política se torna refém de narrativas únicas e dogmáticas.

É imprescindível que a sociedade brasileira, ciente desse perigo, se mobilize em defesa intransigente da liberdade de expressão e de imprensa. Não podemos permitir que o avanço da censura se normalize ou que o medo de represálias silencie as vozes críticas que são fundamentais para o fortalecimento do nosso Estado democrático. Precisamos, com urgência, exigir que nossos representantes políticos atuem de maneira decidida em prol de um ambiente onde a verdade possa prevalecer, onde a transparência seja a regra e não a exceção, e onde o debate democrático seja incentivado, e não reprimido.

A lembrança de Dom Pedro II, que enfrentava seus críticos com a força da argumentação e do debate, deve nos servir como um farol. Sua postura nos lembra que a censura é um caminho sem volta, um abismo que, uma vez aberto, destrói os pilares de uma sociedade livre e justa. A liberdade de imprensa, assim como a liberdade de expressão, é um bem precioso e inegociável, que devemos proteger a qualquer custo. Somente por meio da verdade, do confronto de ideias e da pluralidade de opiniões seremos capazes de construir um país mais justo, democrático e próspero.

Por isso, o momento exige ação. Exige que nos levantemos contra qualquer tentativa de silenciamento, que combatamos as tentativas de manipulação e que asseguremos, para as próximas gerações, uma sociedade onde a informação circule livremente, e onde o poder seja constantemente questionado. Pois, como nos ensina a história, uma democracia saudável depende, acima de tudo, da coragem de seus cidadãos em defender suas liberdades mais básicas.

Lucas Barboza

Formado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Norte do Paraná, em Logística e História pela Universidade do Norte do Paraná, Especialista em Gestão de Projetos, Consultoria Empresarial e Ensino de Matemática. Professor da rede Pública de Educação do Paraná, apaixonado por escrita, politica, história e economia, empreendedor e cristão.

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