Dia Internacional da Mulher
Por Dra. Patrícia Burin
Todos os anos, a cada março, me entristecem as mensagens de “Feliz Dia da Mulher”, as eventuais flores e bombons. Isso porque o dia internacional da mulher não é um dia destinado a honrar as mulheres, a celebrar. Esse dia representa uma luta que está longe de acabar. Não vou aqui me perder em estatísticas, embora elas sejam aterrorizadoras. Mas vou lembrar que todos os dias mulheres são mortas por seus parceiros; todos os dias mulheres são violentadas em sua autodeterminação sexual, sendo forçadas a praticar sexo até mesmo com aqueles que deviriam amá-las e protege-las.
Vou aqui lembrar que a maior parte das mulheres é agredida moralmente com tanta frequência que já nem percebe uma ofensa como agressão e que, embora tenha mais estudo, recebe salários menores do que os homens, para, chegando em casa, ser ainda considerada a única responsável pelo gerenciamento da casa e pelo cuidado dos filhos.
Nossa cidade tem muitas mulheres em posições importantes: juizas, promotora, prefeita, professoras, empresárias. E ainda assim, somos pressionadas à submissão, a aceitar que os homens podem tudo e que é necessário ter tolerância. Não, não é. É necessário, isso sim, que as mulheres tenham voz, reconheçam os seus direitos e aprendam a viver de forma autônoma, para que homens e mulheres sejam, de fato, iguais (não apenas iguais perante a lei). Enquanto isso não acontecer, o dia internacional da mulher não será um dia de comemoração, mas sim um dia para nos lembrarmos do quanto ainda falta lutar.
Por fim, quero lembrar a todas que a Delegacia de Polícia está sempre de portas abertas para acolher as meninas e mulheres vitimadas pela violência doméstica.
*Dra. Patrícia Burin é Delegada da Polícia Civil de Andirá