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O antipolítico

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce à prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

A citação acima é do marxista Bertolt Brecht, é uma bandeira, mesmo que, não tão explicita que os políticos têm empunhado no Brasil nos últimos anos, para incentivar a população a participarem de movimentos sociais. Como antônimo a ignorância política, Brecht conclama ao povo aquilo que podemos denominar de uma consciência política.

A consciência política consiste praticamente na participação política, em outros termos, fazer com que o povo decida por meios políticos todos os aspectos da vida em sociedade, por meios de leis, plebiscitos ou referendos. É assim que Brecht aparenta entender que haverá comida na mesa, que a menina possa furtar se-a o seu destino da prostituição e que o político, pior de todos os bandidos, ira se regenerar e deixar de ser um vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos empresários e dos seus apoiadores.

Não quero consertar nem tentar mudar o caráter contido nesta máxima. Portanto, se há algo que sempre merece desconfiança, é o que os comunistas dizem. Para começar, é de Brecht a frase “primeiro vem o estômago, depois a moral”, podemos aqui colocar em duvida seu critério para classificar os políticos quaisquer como pilantras e vigaristas.

Se eu, Lucas Barboza, apoio a verdade nesse trecho em questão, o mesmo não digo quanto à postura de quem eu considero ser um sujeito politicamente consciente.  E aqui buscarei socorro de Hans-Hermann Hoppe, seu livro Uma Teoria sobre o Socialismo e o Capitalismo explica aonde quero chegar:

A e B podem ter a mesma renda e ambos podem ser igualmente ricos, mas A pode ser negro, ou mulher, ou ter algum problema de visão, ou ser residente no Texas, ou ter dez filhos, ou não ter marido, ou ser maior de 65, ao passo que B pode não ser nada disso, mas alguma outra coisa.  E então A pode argumentar que suas oportunidades de alcançar qualquer coisa na vida são diferentes, ou, mais ainda, piores, que as de B, e que ele deveria de alguma forma ser compensado por isto, de modo que a renda monetária de ambos, que antes era a mesma, agora seja diferente. B, por sua vez, poderia argumentar exatamente da mesma forma, simplesmente revertendo a implícita avaliação de oportunidades. Como consequência, haverá um grau jamais visto de politização. Tudo parece justo agora, e tanto produtores quanto não-produtores, os primeiros por motivos defensivos e os segundos por propósitos agressivos, serão estimulados a gastar mais e mais tempo no papel de criar, destruir e contestar demandas distributivas.  Por conseguinte, certamente esta atividade, assim como a prática de atividades recreativas, não apenas é completamente não-produtiva, como também contrasta com o intuito de usufruir o lazer, implicando o gasto de mais tempo para o único propósito de interromper o usufruto sossegado da riqueza produzida, assim como a produção de ainda mais riqueza.

Hoppe no trecho acima mostra e trata o socialismo no estilo social-democrata, ao que parece querer convergir com a proposta de Brecht. Em um socialismo soviético, Hoppe diz que a atitude normal é do individuo se afastar da política, visto que, todas as vidas já estão definidas pelos “dirigentes”. Segundo Hoppe:

Sob um sistema de produção democrático, assume-se que cada um tem o direito de dar ordens sobre as coisas que ele não adquiriu; deste modo, um indivíduo pode permanentemente não apenas criar uma instabilidade legal, com todos os seus efeitos negativos sobre o processo de formação de capital, mas, acima de tudo, ele também pode agir de forma imoral.

O que posso dizer sobre a política é que ela é a arte própria para enganadores e ladrões. Seguindo uma escala que começa nas mentiras para serem eleitos e termina na prisão por corrupção, em casos ate a usurpação da democracia. A consciência política é, portanto, uma consciência para o uso da política e não contra a política. Para que os políticos não roubem o feijão de nossa mesa, não transformem nossas filhas em prostitutas e que os piores bandidos de todos, eles mesmos, os políticos, que Brecht aponta de forma pleonástica como vigaristas, sejam poucos ou, quiçá, um dia, nenhum.

Ludwig Von Mises afirmava em sua obra Ação humana que:

Príncipes, governantes e generais nunca são liberais espontaneamente. Tornam-se liberais quando forçados pelos cidadãos.

Klauber Cristofen Pires inaugura assim o termo antipolítico, e novamente Hoppe da uma sugestão em sua obra Uma Teoria Sobre o Socialismo e o Capitalismo de como participar desse processo:

Para que o estado fracasse em alcançar seu objetivo, é necessário que haja apenas um tipo de mudança na opinião pública geral: toda e qualquer ação de apoio ao estado deve vir a ser considerada e rotulada como imoral, pois trata-se de um apoio dado a uma organização de crime institucionalizado.  O socialismo chegaria ao fim se as pessoas apenas parassem de se deixar corromper pelo suborno estatal, e passassem a manter sua parte na riqueza produzida como forma de reduzir o poder do suborno estatal, ao mesmo tempo em que continuam a vê-lo e tratá-lo como um agressor a ser resistido, ignorado e ridicularizado, a qualquer tempo e em qualquer lugar.

Para trazermos o estatismo e o socialismo ao fim, é necessário que haja apenas um tipo de mudança na opinião pública geral: uma que leve as pessoas a não mais utilizarem os meios institucionais que permitem uma participação política voltada apenas para a satisfação de um desejo de poder; uma que, ao contrário, faça com que as pessoas suprimam qualquer desejo dessa natureza e utilizem esta própria arma organizacional do estado contra ele, exigindo incondicionalmente o fim da tributação e da regulação de todo e qualquer tipo de propriedade, sempre que houver uma chance de influenciar a política.

Isto, caros leitores, somente pode ser conseguido mediante a incorporação de um senso de militância, onde cada pessoa deve agir como a protagonista, divulgando às outras os conceitos de uma sociedade livre e estimulando-as a se unirem em torno da diminuição dos impostos, da máquina pública e das leis que limitem as liberdades individuais.

Certa vez presenciei uma cena que me marcou: era a de um destes políticos querendo angariar votos em uma feira, ao que o feirante respondeu: “Suma daqui, você já começou por estragar o meu dia!”

Eis aí um exemplo de como as pessoas simples, honestas e trabalhadoras sabe bem o que pensam.  Somente basta a todos nós universalizarmos este princípio.

Basta de esperarmos por políticos que prometam estas coisas.  Elejamos os antipolíticos.  Elejamo-nos mesmos!

 

Lucas Barboza

Professor, colunista, economista, empreendedor, estudante de história, de direita, cristão, anticomunista e armamentista.

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