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Soberania: A Coragem de Ser Dono do Próprio Destino

Nesta semana em que o espírito cívico floresce, somos convidados a refletir sobre um dos pilares mais fundamentais de nossa existência como nação: a soberania. Longe de ser um mero jargão diplomático, a soberania é a alma de um país, materializada no grito às margens do Ipiranga, quando Dom Pedro I, com a audácia da juventude, rompeu os laços que nos prendiam e declarou que o Brasil traçaria seu próprio caminho. Aquele ato foi a certidão de maioridade do nosso povo no palco do mundo.

Mas o que, de fato, significa ser um país soberano?

Historicamente, o conceito moderno de soberania foi forjado na Paz de Westfália em 1648, estabelecendo o princípio de que cada nação governa seu território sem interferência externa. No Brasil, essa doutrina ganhou contornos próprios. Tivemos em José Bonifácio de Andrada e Silva o arquiteto intelectual, o Patriarca que planejou um império nos trópicos, uno e pujante. Nele, a soberania não era apenas um rompimento, mas um projeto de nação. Com Dom Pedro I, tivemos a ação, a coragem que transformou o projeto em realidade.

Contudo, a soberania não se conquista em um único dia. Ela precisa ser cultivada e consolidada. Foi essa a monumental tarefa de Dom Pedro II, cujo longo reinado solidificou as fronteiras, unificou o país e projetou o Brasil como uma potência respeitada. Seu governo demonstrou que a soberania se expressa na estabilidade das instituições, na seriedade da diplomacia e na construção de um Estado que se faz presente e garante a ordem em seu vasto território.

A verdadeira soberania, no entanto, transcende as fronteiras e a força. Ela também se mede pela integridade moral de uma nação. Ninguém entendeu isso melhor que Joaquim Nabuco. Ao liderar a causa abolicionista, Nabuco argumentava que um país que mantinha parte de seu povo cativo não poderia ser plenamente livre ou soberano. A abolição não foi apenas um ato de justiça humana; foi um passo essencial na maturação do Brasil, provando que a força de uma nação reside também na dignidade que ela confere a todos os seus cidadãos.

Hoje, na arena econômica, a soberania enfrenta seus testes mais severos. Uma nação endividada e refém de acordos que anulam sua capacidade produtiva é apenas nominalmente soberana. A verdadeira independência reside na responsabilidade fiscal, na criação de um ambiente que fortaleça a indústria e o agronegócio nacionais, e na capacidade de negociar de igual para igual, sempre com os interesses do Brasil em primeiro lugar.

Defender a soberania hoje é, portanto, um ato multifacetado. É proteger nossas fronteiras. É zelar por nossa cultura e valores. É garantir que nossas leis sejam decididas por nossos representantes eleitos, e não por tribunais ou comitês supranacionais que não respondem ao povo brasileiro.

Isso não é um chamado ao isolamento. Um Brasil soberano, como o que sonharam Bonifácio e Nabuco e o que construíram os Imperadores, não é um Brasil fechado. Pelo contrário, é um Brasil que se abre para o mundo com confiança e altivez. É um país que negocia com a cabeça erguida, que atrai investimentos por sua segurança e estabilidade, e não por sua submissão.

Amar o Brasil é, em essência, amar e defender sua soberania. É honrar o legado de coragem, inteligência e integridade que essas grandes figuras nos deixaram, entendendo que a luta pela independência é diária. É a coragem de sermos os únicos senhores de nosso destino. Que nunca nos falte essa coragem.

Lucas Barboza

Economista pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), com formação também em Logística e História pela UNOPAR. Especialista em Gestão de Projetos, Consultoria Empresarial e Ensino de Matemática, atua na intersecção entre educação, estratégia e desenvolvimento organizacional.

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