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Bitcoin é a salvação da Venezuela

Há anos é seguro dizer que a Venezuela enfrenta uma crise por conta da hiperinflação, operações petrolíferas paralisadas e embargos econômicos, quem mais sofre com tudo isso são os venezuelanos comuns. Isso significa que a maioria dos venezuelanos tem que usar dólares do mercado negro para adquirir bens, mas há uma esperança a vista. As criptomoedas como o Bitcoin.

A adoção das criptomoedas na Venezuela tem crescido significativamente nos últimos anos, com os venezuelanos usando cada vez mais essa tecnologia para pagar por bens e serviços. Isso tem sido possível graças ao uso de plataformas locais que permitem aos usuários trocar moedas fiduciárias com criptomoedas, ajudando-os a contornar a crise econômica. Além disso, as pessoas também estão usando as criptomoedas para transferir dinheiro para a Venezuela, ajudando a famílias a obter alimentos e remédios. Apesar disso, ainda há muitas questões a serem resolvidas antes que as criptomoedas possam realmente se tornar uma solução para a crise econômica na Venezuela.

A falta de infraestrutura, a falta de educação sobre criptomoedas e o risco de perda de fundos devido a ataques cibernéticos são alguns dos principais desafios enfrentados pelos venezuelanos. Além disso, é importante lembrar que as criptomoedas ainda não são reconhecidas como moeda legal na Venezuela, então a adoção ainda é limitada. No entanto, como as criptomoedas estão se mostrando cada vez mais benéficas para a população venezuelana, é possível que elas se tornem uma solução viável para a crise econômica no país. Se as pessoas continuarem a usar as criptomoedas para suas necessidades básicas, elas podem ajudar a reduzir o impacto da hiperinflação e estabilizar a economia.

A utilização de criptomoedas foi alavancada com o colapso que a economia venezuelana sofreu, desde 2013, o Bolívar perdeu mais de 200.000% em comparação com o dólar, levando uma disparada de preços. Esta situação piorou significativamente com o agravamento das sanções americanas e o aumento do desemprego. Isso levou a uma crise migratória e, portanto, a um aumento nas remessas monetárias enviadas de volta ao país.

A Ecoanalítica estimou que no ano de 2019 foram enviados US$ 4 bilhões de volta a Venezuela e cerca de US$ 1,5 bilhão em saques de contas em bancos estrangeiros. Entretanto, essas operações perdem muito valor se enviadas pelos meios tradicionais. É aqui que as criptomoedas entram como uma alternativa, pois elas permitem que os usuários enviem dinheiro para o país de forma rápida, barata e segura. As taxas de transação para as criptomoedas são muito menores do que as de envio de dinheiro pelos meios tradicionais, como os serviços bancários. Além disso, as criptomoedas são mais seguras, pois não há risco de fraudes ou roubo.

A Venezuela também adotou a criptomoeda Petro (PTR) como uma forma de estabilizar a economia. O Petro foi lançado em 2018 como uma forma de enfrentar a crise econômica, pois é lastreado em reservas de petróleo venezuelano. Portanto, a adoção de criptomoedas foi fundamental para ajudar a Venezuela na crise. Elas permitem que os usuários enviem dinheiro de forma segura e barata, e também ajudam a estabilizar a economia do país.

Diante desse problema surgem as criptomoedas, em especial o Bitcoin. Ao contrario dos dólares, o Bitcoin (BTC) pode ser comprado usando as trocas Peer-2-Peer (P2P), com a vantagem de poder ser adquirido em qualquer parte do mundo, inclusive sem a intermediação de um banco. Isso permite que a população converta por meio das criptomoedas as remessas e contas bancarias estrangeiras, tendo a vantagem de ser mais estável que a moeda local.

Sendo a Venezuela um exemplo da rapidez que a população adotou uma criptomoedas para sobreviver. Um acordo entre a Cryptobuyer e a Mega Soft criou cerca de 20 mil terminais de ponto de vendas, para assim, adaptar os comerciantes a aceitar diretamente pagamentos por meio de BTC. Outro benefício que o BTC oferece é a segurança, como não existe um banco intermediário, as transações não podem ser manipuladas e os usuários tem acesso a um alto nível de anonimato.

Dessa forma, é possível perceber que Bitcoin é uma solução viável para a atual crise econômica da Venezuela, pois oferece mais segurança, estabilidade e facilidade na realização de transações financeiras. Assim, a moeda digital permite que as pessoas estabeleçam uma forma de estar conectadas, mesmo que financeiramente, sem depender de moedas locais ou da interferência de bancos.

No entanto, mesmo com 20 mil terminais, o Bitcoin pode ser difícil de usar e as opções de custodia como o AirTM surgem como opção. Essa carteira permite que o Bitcoin seja gasto dentro de uma rede, facilitando o envio e recebimento de criptomoedas. Para os freelancers isso é extremamente útil, tornando mais fácil a compra de itens do exterior.

O Bitcoin é a única salvação para muitos venezuelanos, mas um problema para o governo de Nicolás Maduro. Acredito que o principal ponto positivo é que permite uma maneira para que os cidadãos se envolvam no comercio sem a interferência do governo. Isso permite que um mercado negro se forme fora do controle do governo, o que poderia enfraquecer seu controle sobre a população. Para combater isso, o governo tentou criar a Petro em 2018, uma criptomoeda nacionalizada. Estando ligado ao preço do petróleo, fornecia uma alternativa aprovada pelo governo.

O governo impulsionou ativamente a criptomoeda e tornou obrigatórios os pagamentos de passaportes e outros serviços do governo em Petro. No entanto, a Petro nunca teve grande sucesso, pois não era confiável e foi amplamente desacreditada. No geral, o Bitcoin tem sido um grande salvador para muitos venezuelanos, permitindo-lhes acessar serviços financeiros e enviar dinheiro para fora do país. No entanto, ainda há muitas barreiras para seu uso, como acesso limitado à internet e a necessidade de saber usar criptomoedas. No entanto, com novas carteiras como o AirTM, o Bitcoin se torna mais acessível para os venezuelanos, permitindo-lhes acessar bens e serviços do exterior, mesmo em meio à crise.

A tentativa não deu certo, com a preocupação e relatos de que o petróleo Venezuelano não existia e que o patrocinador verdadeiro era a PDVSA, uma estatal endividada, além de ter contado com um apoio muito limitado dos aliados venezuelanos, hoje a Petro esta praticamente morta.

Mesmo com esse fracasso o governo não abandonou sua ambição de utilizar criptomoedas para driblar as sanções internacionais, Nicolás Maduro chegou a anunciar que algumas criptomoedas seriam utilizadas em comércio domestico e internacional. O Bitcoin e o Ethereum ajudavam a substituir as estáticas reservas petrolíferas. Apesar disso, o esforço não foi bem sucedido, pois a Petro não conseguiu um nível de aceitação significativo. Assim, ela acabou sendo mais uma ferramenta de controle do governo do que realmente uma solução para as sanções internacionais.

O governo também não conseguiu superar os problemas tecnológicos e regulatórios, além da falta de confiança dos investidores. Mesmo com o fracasso da Petro, a Venezuela ainda busca alternativas para substituir as estáticas reservas petrolíferas. Ela está testando diversas criptomoedas, como o Petro Oro, que é lastreado em ouro. Também busca estabelecer parcerias com empresas tecnológicas para criar soluções que possam contornar as sanções. No entanto, com o baixo nível de confiança dos investidores e o contexto econômico desfavorável, a Venezuela ainda não conseguiu se tornar um grande mercado de criptomoedas.

A Glasnost e a Perestroika trouxeram as liberdades que desencadearam o colapso Soviético. As criptomoedas podem ser o inicio de um fenômeno semelhante na Venezuela. É plausível que as liberdades econômicas apoiadas pelo governo de Maduro ajudam a enfraquecer o controle do governo sobre os cidadãos e, inadvertidamente, introduza políticas econômicas mais libertárias ao enfraquecer o controle do estado.

Embora ainda seja cedo para dizer com certeza, é possível que as criptomoedas permitam que os venezuelanos façam transações comerciais sem serem controlados pelo governo, o que pode ter um efeito libertador. Além disso, elas podem ser usadas para combater a inflação, que é um dos principais problemas da economia venezuelana. Por fim, elas também podem permitir que os venezuelanos façam investimentos em moedas estrangeiras, o que pode ajudar a melhorar o desempenho econômico da nação.

O aumento da utilização pode ser positivo para todo o mundo, inclusive para os venezuelanos. Um meio de pagamento e transferência mais líquido e estável contribuiria para mitigar as decisões desastrosas do governo socialista na nação sul-americana.

Com sorte, as moedas descentralizadas ajudam a quebrar o monopólio econômico do Estado e permitir que a população venezuelana respire livre finalmente. As criptomoedas também ajudam a fortalecer a economia venezuelana, pois permitem que os cidadãos comprem bens de outros países, contribuindo para a estabilização da economia e proporcionando aos cidadãos uma maneira de negociar com segurança. Além disso, as criptomoedas podem ser usadas para fazer doações para os venezuelanos, que são frequentemente alvos de repressão econômica e política. Isso pode ajudar a aliviar a crise humanitária na Venezuela, que já matou milhares de civis desde que começou em 2017.

 

Lucas Barboza

Professor, colunista, economista, empreendedor, estudante de história, de direita, cristão, anticomunista e armamentista.

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