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É necessário deixar os preços subirem para ter produtos para todos

Em qualquer economia congelar o preço dos produtos nunca foi uma boa ideia, vide o que acontece constantemente na Venezuela;

Como muito bem sabemos, em 2019 iniciou uma pandemia de Sars-Cov-2  popularmente conhecida como Covid-19 e houve uma intensa procura por produtos como álcool em gel, luvas e mascaras e em muitas localidades mesmo com o aumento súbito do preço desses itens ainda houve desabastecimento.

Isso é uma coisa totalmente normal quando um produto cuja uma oferta sempre foi estável e de repente sofre um aumento de demanda, em nenhum lugar do mundo a oferta se adapta a um aumento de demanda tão repentinamente, o que muitos não lembram é que aumentar a produção de um produto não é algo simples, ele leva tempo e investimentos.

Em 2019 muitas pessoas se comoveram por causa do grande aumento do preço da carne bovina brasileira, o que aconteceu por conta da alta nas exportações para a China e sempre a solução para isso algumas pessoas defendem o congelamento dos preços.

Em sua maioria, as mídias tinham noticias que estampavam com destaque e com indisfarçável regozijo, ficando explicito que a única solução viável era um tabelamento e que se a situação continuasse com os preços subindo cada vez mais a situação nunca voltaria ao normal. Isso se trata de economia básica: se os preços se mantiverem livres, com o passar do tempo, oferta e demanda voltará a se equilibrar.

Pois bem, o que aconteceu em 2020 com esse produto?

No mês de janeiro o preço caiu cerca de 10%, em fevereiro caiu mais de 4%, no inicio de março a queda foi de 1%, acumulando os três meses a queda chegou a 15%. Obviamente tal fato sumiu da mídia, ficando claro que a carne só virá noticia quando o preço sobe e não quando cai.

Qual a função dos preços?

O preço nada mais é que mecanismo por meios dos quais os compradores e vendedores se comunicam. Os preços surgem quando dois indivíduos querem trocar mercadorias de uma forma concreta, mas os preços que estão nas prateleiras são uma proposta e só se tornam realmente preços se o bem for comprado.

Um exemplo simples é o saco de tomates, se um saco de tomate custa R$100 e ninguém se interessa em comprar significa que o preço dele não é R$100, o supermercado tentou vender por esse valor, mas foi recusado.

Isso não significa que o preço inicial estava errado, significa apenas que o supermercado está reagindo a uma informação de que sua primeira tentativa não ira vender unidades suficientes para cobrir o investimento, sendo então forçado a diminuir o preço para aumentar as vendas e conforme mais informações chegam ele pode ajustar o preço para cima ou para baixo.

De grosso modo, em economês, podemos definir que os preços são um conceito que nos mostra o “termômetro da escassez”, em um mercado sem intervenções, sem tabelamento de preços e salários, a oferta e a demanda são informadas com bases na variação do preço de um determinado produto.

Um sistema de preços que funciona livremente sem a interferência do governo, é de certa forma, engenhoso e um método de comunicação e coordenação. Os preços sendo formados livremente nos informam sobre a escassez e abundância de cada bem ou serviço.

Para os consumidores, um aumento nos preços  mostra que ele esta se tornando ou já se tornou escasso pelo aumento de sua demanda, o que leva a uma redução deste produto e a procura por substitutos mais baratos aumenta.

Já para os produtores, os preços mais altos informam que os lucros podem aumentar se entrar neste mercado em crescente demanda, com novos concorrentes eles irão produzir mais, aumentando a oferta ou então produzir bens similares mais barato.

Este é o processo que ocorre em um livre mercado, quando deixado agir livremente – sem interferência do governo – garantindo assim que os preços sempre estejam em níveis de equilíbrio entre oferta e demanda.

Os preços dos itens de combate ao Coronavírus estão explicitos quanto a sua súbita escassez.

Em uma economia de mercado, um súbito aumento de demanda, como ocorreu com as mascaras, álcool em gel e luvas, que sempre teve uma demanda e oferta em equilíbrio passou a ter uma nova demanda muito maior que a oferta subitamente. No entanto, isso não gera um racionamento, mas sim um aumento em seu preço.

O súbito aumento de preço serve para reduzir a quantidade comprada por cada consumidor e para estimular os produtores a aumentar a produção do item, pois assim terão mais lucros e é exatamente isso que está acontecendo com os itens citados acima.

Mas nada disso ocorreria se houvesse o congelamento dos preços, não teria um aumento na oferta, nem mais investimentos e além de não gerar empregos, podendo até alguns setores acabar por perder empregos. Por fim sem o aumento da produção e com o continuo aumento da demanda  aconteceria o inevitável: desabastecimento.

Sim, os indivíduos com menos poder financeiro sofrem com o aumento dos preços temporariamente, mas ao menos terão acesso a eles, melhor se pagar mais caro com o que precisa do que ter o preço congelado em um valor baixo e não ter o que comprar.

Como consequência, além de tudo que foi dito outra lição podemos tirar disso, o aumento dos preços estimula a racionalidade e a preservação, fazendo com que evitemos desperdícios.

A grande sacada do sistema de preços é que toda essa gestão dos recursos ocorre de uma forma automática sem interferência do governo. Nenhum política precisa criar um grande programa ou decretar alguma lei, tudo se resolve naturalmente

Lucas Barboza

Professor, colunista, economista, empreendedor, estudante de história, de direita, cristão, anticomunista e armamentista.

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