Artigo & Opinião

Proibir a expressão do pensamento é proibir o próprio ato de pensar.

Eu juro que tento entender a esquerda, mas a cada dia que passa fica mais difícil ainda. Como alguém pode apoiar a regulamentação da mídia? Dentre todas as liberdades a de expressão acaba por ser uma das basilares, nenhuma outra liberdade tem tanto peso quando a de expressão. Essa mesma liberdade que os esquerdistas defendem são usada por eles para “condenarem” quem pensa diferente, quem não se lembra do caso do Allan dos Santos e Daniel Silveira.

Basicamente a liberdade de expressão não existe em nosso país, desde escolas até em debates públicos, quem não aceita a agenda imposta é logo taxado com alcunhas que perderam todo o sentido na ultima década; os verdadeiros fascistas são os que afirmam serem antifascistas, os verdadeiros desiguais são os que querem forçar uma igualdade. Aristóteles disse que “devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade”.

Eu quero minha liberdade de expressão e creio que você também queira, mesmo que seja uma opinião tola. Eu defendo seu direito de dizer merda e defender essas ideias, isso não me torna uma pessoa melhor que as outras, longe disso. Um caso clássico no Brasil de um político querer silenciar a “voz” de um jornalista internacional foi o caso Larry Rohter, na qual o governo do Lula em 2004 tentou cancelar seu visto por dizer que o ex-presidiário bebia demais e isso causava alguns embaraços em conversas oficiais e não oficiais. Para quem possuir interesse nesse caso leia o livro Deu no New York Times de Larry Rohter.

É fácil ser um defensor de tais liberdades quando ela vai de encontro com toda a agenda progressista, mas o oposto dessa agenda é tratado como criminoso, imagina você defender a que existem apenas dois gêneros biológicos em um curso de humanas, principalmente filosofia e sociologia – lembrando que biologia nada tem a ver com orientação sexual, afinal, cada ser humano é livre para decidir sobre sua vida, mas nenhum consegue mudar as definições biológicas como o XX e XY.

Vivemos na era do “politicamente correto”, da ditadura da maioria. Tais características representam sérios riscos para a liberdade de expressão, uma das ferramentas mais valiosas da humanidade que sustenta nosso progresso contínuo.

Infelizmente, muitos confundem liberdade com democracia e ignoram que esta pode até acabar com a primeira. Quando a democracia nada mais é do que uma ditadura da maioria, onde este último regime, mesmo formado por 51% do povo, governa arbitrariamente o resto, não há liberdade real. A liberdade existe quando as minorias são igualmente livres e, portanto, as regras devem sempre ser aplicadas igualmente a todos. Para evitar o perigo de tirania dessa maioria volátil, na primeira emenda, os americanos criaram o direito à liberdade de expressão, aberta a todos. Apresentado como um pacote, as pessoas aceitam essa liberdade quase ilimitada, mesmo quando têm de apresentar ideias opostas às suas. Em suma, no liberalismo até um socialista, que prega a destruição do liberalismo, pode se manifestar. No socialismo, os libertários podem acabar em um Gulag. Esta é uma grande diferença ética entre os dois modelos.

Tal ideal de liberdade de expressão está muito distante da nossa realidade. As patrulhas do “politicamente correto” anulam completamente essa liberdade. A prova é quando temos que suportar discursos contrários aos nossos, não quando garantimos a liberdade de repetir, como fonógrafos riscados, devemos lembrar que a regra deve ser objetiva, igualmente válida  para todos. Não é difícil citar exemplos contrários a um modelo tão liberal. A tentativa do governo petista de impor um livro didático politicamente correto é o passo mais temido para a supressão da liberdade de expressão. Mas, além disso, inúmeros outros casos demonstram pouca liberdade.

O adjetivo “politicamente corretos” é usados ​​para descrever linguagem ou ações devem ser evitados, pois são considerados “exclusivos” ou “ofensivos”. Em tese, o politicamente correto favorece a censura de ideias que marginalizam ou ofendem grupos percebidos como marginalizados ou discriminados, especialmente aqueles identificados por gênero, raça ou preferência sexual.

No entanto, ao defender a censura de ideias consideradas “ofensivas”, o politicamente correto é pouco mais que uma ferramenta destinada a ameaçar e restringir a liberdade de expressão. Ao proibir a livre expressão de opiniões a uma ampla gama de públicos, o politicamente correto funciona como uma linha de montagem mecanizada, cujo objetivo é padronizar e unificar as ideias dos partidos políticos, indivíduos, fazendo-os sempre pensar e agir de forma unificada.

Por ser politicamente correto, o debate aberto e sem censura, além de ofender as minorias, é subversivo, incitador e divisor, e, portanto deve ser censurado. Mas isso vai contra a lógica básica. O debate aberto é algo que, por definição, estimula a análise crítica e desencoraja a uniformidade intelectual (e hegemônica). O debate aberto e sem censura evita a dominação da chamada “mentalidade de manada”, garantindo assim uma voz justamente para os grupos marginalizados e excluídos – que, em teoria, é o objetivo do politicamente correto.

Se o indivíduo não for mais livre para dizer o que pensa, não poderá mais pensar. Como coloca o psicólogo Jordan Peterson, a liberdade de expressão é primordial e está acima do “direito” de não ser ofendido. De fato, não há “direito de não se ofender” simplesmente porque isso, se realmente aplicado, levaria à aniquilação do próprio pensamento: o homem, por sua capacidade de pensar, ainda pode ofender alguém. Proibir a expressão do pensamento é proibir o próprio ato de pensar.

 

Lucas Barboza

Formado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Norte do Paraná, em Logística e História pela Universidade do Norte do Paraná, Especialista em Gestão de Projetos, Consultoria Empresarial e Ensino de Matemática. Professor da rede Pública de Educação do Paraná, apaixonado por escrita, politica, história e economia, empreendedor e cristão.

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